terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Aberta a temporada de caça aos votos

Enquanto as coisas vão por água abaixo no Peru e a casa cai no Haiti(Literalmente), as coisas aqui no Bananão (como diria um saudoso professor meu) andam em clima de festa(lavagem de dinheiro público em campanhas, enrriquecimento ilícito, doações misteriosas de empresas privadas e mais recentemente lançamento de biografias cinematográficas), ou melhor, em tempos de eleição!
Agora o País se coloca em uma situação um tanto quanto delicada: Quem sucederá Lula?
A disputa já teve um início quente: Serra vs. Aécio Neves (Briga de gente grande! Me faz lembrar os tempos da República Velha: São Paulo e Minas Gerais na disputa pelo poder) e a tentativa do PT de lançar Dilma Rousseff como a nova figura carismática do Brasil.
O PT tem montado sua estratégia de forma um pouco agrassiva. Nos últimos meses Dilma participou de diversos eventos oficiais da Presidência, está em constante contato com a mídia (tanto impressa quanto televisiva) e mais recentemente, em um fiasco diplomático chamado COP-15 em Copenhagem, onde, ao lado do Ministro do Meio ambiente, Carlos Minc, e de um quadro de profissionais altamente qualificados para a situação, a Ministra da Casa civil, Dilma Rousseff, foi quem chefiou a equipe brasileira na COP-15.
Essa constante aparição de Dilma na mídia vem tentanto criar uma nova imagem, uma personificação, de uma Dilma diferente daquela que o povo brasileiro conhecia. (in)felizmente em todos os anos que venho estudando política, uma coisa eu posso afirmar com certeza, CARÍSMA NÃO SE TRANSFERE, e é, ao meu ver, exatamente isso o que o PT vem tentando fazer com Dilma, revestí-la de uma pessoa diferente.
Isso pode ser um fato complicado para as relações exteriores do Brasil e um grande fator de incerteza, já que grande parte da política externa de Lula foi contruída com base em seu carisma, especialmente a de aproximação diplomática com diversos países.
As coisas no Sistema internacional seguem incertas e voláteis. Aqui no Brasil, o circo já está prestes a pegar fogo, as eleições estão chegando e a disputa entre Serra (pseudo-ditator)e Dilma (pseudo-populista) ainda vai loooooonge!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Avatar



É engraçada a forma como você passa a assistir filmes depois de ter lido/feito estudos políticos sobre a relação entre o contexto histórico e o conteúdo das produções cinematográficas. Avatar, que vi no domingo, é um exemplo dessa relação dialética. O filme, que se passa no futuro, trata de modo exemplar dos medos e temas do início do século XXI: guerras contra povos estrangeiros (bárbaros, alienígenas...); embate entre ciência e religião, tecnologia e natureza; questões relacionadas ao Meio-Ambiente e aos direitos humanos; enfim, uma diversidade de tópicos que me impressionou tanto quanto o aspecto visual (fenomenal) da película.


A apresentação do herói do filme, Jake Sully, é carregada de símbolos que nos trazem de volta ao nosso tempo. Jake é paraplégico, consequência de sua participação numa operação militar na Venezuela (isso mesmo... Venezuela!); e só está no planeta Pandora porque seu irmão gêmeo, um cientista renomado que iria atuar na missão alienígena, morreu numa tentativa de assalto. Ou seja, nossos problemas sociais ainda persistem num futuro altamente tecnológico.


Quando o objetivo da missão em Pandora é explicado ao protagonista, fica claro que um dos temas centrais do filme são as consequências da crise energética que se desenvolve no presente momento. Além das sutis, mas óbvias, referências a guerras na Venezuela e na Nigéria (países ricos em petróleo), os humanos estão em Pandora para explorar um mineral raro que pode resolver a questão energética na Terra. O problema é que o mineral se encontra exatamente na região mais sagrada para os habitantes do planeta alienígena, os Na’vi.


É a partir dessa trama que a história se desenvolve. Por meio da conexão do cérebro de Jake a um corpo Na’vi criado em laboratório (à Matrix e/ou Second Life), o protagonista se insere na tribo alienígena com o objetivo de compreendê-la e negociar com ela um acordo ou, caso necessário, eliminá-la para obter os minerais. A favor da negociação pacífica com os Na’vi estão os cientistas, os quais são apresentados como inteligentes, humanos e compreensíveis (enfim, “bons”); enquanto os militares, defensores de uma ação mais agressiva, são rudes, maldosos e desumanos.



Aliás, “agressiva” não é o adjetivo utilizado pelo coronel (general?) da missão em Pandora. Nas palavras dele, após destruir a árvore gigantesca que conecta todos os seres do Planeta, os humanos “devem combater o terror com terror”, numa ação “preemptiva”. Ou seja, um ataque deveria ocorrer ao local sagrado dos Na’vi, antes que eles se unissem contra os terráqueos; enfim, os alienígenas são uma ameaça e por isso devem sofre uma retaliação. Alguém aí percebeu semelhanças com os discursos de Bush?


Ainda quanto às referências ao terrorismo, na cena em que a árvore sagrada dos Na’vi é destruída (naves atiram mísseis nela, ateando fogo e fazendo-a ruir sob as cabeças dos “na’vinianos”), não há como não se lembrar dos ataques às Torres Gêmeas... levando-se em consideração o vínculo que o povo alienígena possui com a mãe natureza, destruir aquela árvore foi praticamente um genocídio.


Com relação ao embate entre a tecnologia e a natureza, uma questão já muito explorada em Hollywood por diretores famosos como Spielberg - pra citar um só filme: Jurassic Park-, a lição do filme é que a natureza se vingará, no final, dos homens tecnológicos-destridores. Assim como em Senhor dos Anéis os Ents (espécie de pastores de árvores, que protegem as florestas) lutam contra a destruição do Meio-Ambiente provocada pelos Orcs, em Avatar dragões e tigres combatem naves e tanques... e vencem.


São muitos tópicos para se debater, mas o tempo é curto. Pra concluir, então, só me resta dizer que o enredo, em si, é bem bobinho. É aquele velho conto do guerreiro que se apaixona por uma cultura primitiva e passa a questionar os valores de sua própria sociedade – filmes que vão de “Pocahontas”, passando por “O Último Samurai” até "O Planeta dos Macacos". De qualquer forma, eu recomendo!