terça-feira, 30 de setembro de 2008

Equador e sua nova Constituição

Ontem foi aprovada a nova Constituição do Equador. Para aqueles que querem saber um pouco mais das novas leis que entrarão em vigor no país sugiro a leitura do post de Mauricio Santoro: http://todososfogos.blogspot.com/2008/09/nova-constituio-do-equador.html

Aqui um aperitivo:

Com vitória estimada em 65% dos votos, o presidente Rafael Correa aprovou a nova Constituição do Equador – um texto surpreendente que é provavelmente o mais avançado da América Latina e reconhece a união civil entre homossexuais, estabelece direitos para imigrantes, declara a educação pública obrigatória até o término do ensino médio, concede benefícios em saúde pública, agricultura familiar, microcrédito e proíbe a instalação de bases militares estrangeiras em seu território, o que significará o fim daquela que os EUA mantém em Manta.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Um novo Crash?

Pânico. Essa é a palavra que marca atualmente os mercados financeiros mundiais e, por conseguinte, todas pessoas que dependem do bom funcionamento dos mesmos - alguns um pouco mais, embora todos nós soframos de alguma maneira com a insustentabilidade do sistema capitalista.

A crise, que não é atual (veja a cronologia aqui), parece ter alcançado o ápice (do declínio) hoje, quando o Congresso norte-americano não aprovou o projeto orçado em US$ 700 bilhões para salvar os bancos dos Estados Unidos. Nesse sentido, após cerca de uma semana de angústia esperando o resultado do congresso, as bolsas americanas despencaram e atingiram níveis históricos. O índice Nasdaq Composite caiu 9,14%, acumulando no ano forte baixa de 25,21% enquanto o S&P 500, que engloba as 500 principais empresas dos EUA, encerrou o pregão em forte desvalorização de 8,81% atingindo 1.106 pontos e caindo 24,65% no ano, de acordo com o infomoney. Os efeitos dessa crise foram sentidos também aqui no Brasil, onde a bolsa sofreu o maior recuo desde o dia 14 de janeiro de 1999 e nenhuma das 66 ações listadas no Ibovespa fecharam em alta hoje.

Essa turbulência criou, então, um pânico financeiro global. O problema, que antes era tratado minunciosamente apenas nos EUA, passou a ser abordado pela mídia internacional e percebe-se que o interesse em entender o que está acontecendo com o mercado americano e os possíveis impactos dessa crise está aumentando. Isso, porém, gera outro problema: a perda de confiança do consumidor. Não só a confiança sobre a economia e sua habilidade em melhorá-la, mas a confiança no sistema bancário foi também abalada, segundo o vice-presidente da holding TNS/EUA (Taylor Nelson Sofres), líder mundial no segmento de pesquisas sob encomenda.

Lula, que na semana passada quando perguntado sobre a crise teria dito "pergunte ao Bush", já percebeu as incertezas e possíveis impactos dessa crise sobre a economia brasileira e reiterou sua posição de consciência com relação aos problemas atuais. Entretanto, voltou a mostrar uma certa ingenuidade na questão do câmbio, ao dizer que "um dia, o dólar vai parar". (Após atingir R$1,96, hoje, a cotação do dólar se igualou ao valor presenciado em 5 setembro de 2007.)

Esperamos que o dólar "pare" e que essa crise tenha uma solução. Porém, o cenário futuro se mostra muito incerto e, enquanto os pessimistas (ou declinistas) apontam até mesmo para o fim do capitalismo (estará Wallerstein perto de ver sua profecia?), os otimistas continuam confiando no mercado e na sua capacidade de se regular e de renovar-se, superando suas fraquezas.


ps= alguém aí quer comprar dólar? :P

domingo, 28 de setembro de 2008

Assistam ao Linha de Passe

Com atraso o filme Linha de Passe chega às telas de cinema do Espirito Santo. Aconselho à aqueles que apreciam um longa nacional de qualidade a assistirem. Ontem fui assistí-lo com uma pontada de frustração ao ver uma sala de cinema semi-vazia. Tudo bem que o filme não teve aquele apelo marqueteiro do Tropa de Elite, mas mesmo assim merece ser assistido.

O filme conta a história de uma família composta por quatro irmão e a mãe como chefe de família. A mãe, Cleuza (Sandra Coverloni, ganhadora do Cannes como melhor atriz), é uma empregada doméstica grávida de um quinto filho de pai desconhecido. Reginaldo (Kaique de Jesus Santos), é o caçula da família, filho de um pai diferente e único negro na família tenta encontrar o pai de qulaquer forma. Dinho (José Geraldo Rodrigues) é frentista e crente que busca a salvação na religião. Dênis (João Baldasserini) é motoboy e pai de uma criança. Dario (Vinicius de Oliveira, aquele que contracenou com Fernanda Montenegro no Central do Brasil) é um rapaz de 18 anos que deseja ser jogador de futebol profissional.

Pobreza, violência, trânsito caótico de São Paulo e futebol fazem parte do cotidiano dessa família.

Entretanto, o filme desmitifica a idéia de generalizada vitimização e santificação de pessoas de classes sociais menos favorecidas que não aderiram ao crime e à violência. É assim, por exemplo, com Cleuza. Sua irresponsabilidade de engravidar pela quinta vez, seu ato compulsivo de fumar e de tomar suas "cervejinhas", não passam despercebidos no filme. Ou então Dênis preferindo gastar dinheiro da mãe num motel em vez de ajudar nos gastos do filho. O filme retrata a dificuldade de Dinho em cotinuar seguindo seu caminho de crente, e de Dario de conseguir passar pelas peneiras da base tendo que esconder a própria idade para conseguir uma chance.

Bem legal as cenas do início em que mostram o clima de um jogo de futebol, no caso um clássico Corinthians e São Paulo no Morumbi, com cenas verídicas de um jogo válido pelo Campeonato Brasileiro do ano passado. As cenas mostram Cleuza e uma multidão angustiada torcendo pelo Corinthians que já se encontrava em uma situação difícil no campeonato.

Um filme que me prendeu do começo ao final.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O Lula dessa semana

Devido a semana de provas (bela desculpa, hein?) nosso blog nessa semana ficou entregue as baratas. Como já estamos no final da semana e para compensar o tempo perdido, quero abordar a passagem do presidente Lula em Nova York essa semana.

Seu discurso, contundente, repercutiu de maneira positiva na imprensa americana (diga-se uma reportagem do New York Times e da Wall Street Journal abordando a fala do presidente). Como de praxe, o primeiro a discursar. A afirmação do presidente de que "o ônus da cobiça desenfreada não pode cair impunemente sobre todos", em relação a crise americana, foi encarada, segundo o New York Times como um discurso que refletiu o tom do encontro. Além disso, lamentou a pouca importância dada à crise na fala de Bush no encontro.

Em outra corriqueira prática, Lula reivindicou um assento permanente no Conselho de Segurança, e também defendeu o português como uma das línguas oficiais na ONU.

É bom lembrar que sua popularidade está em alta tanto internamente, com um índice impressionante de 77,7% de aprovação, de acordo com o Instituto Sensus, quanto externamente. Segundo a coluna de Ancelmo Gois do Globo que li no sábado passado, 15 chefes de estado haviam pedido audiência particular com o presidente brasileiro durante a sua ida para Nova York.

Enquanto isso, Rafael Correa aproveitando as supostas besteiras praticadas pela Odebrecht tratou de politizar a questão já que no domingo haverá referendo para uma nova Consituição. Ao que Lula afirmou: "Não tem jeito. O Brasil tem o papel de ser cobrado, porque somos o maior. Você imagina na sua casa, com seus irmãos menores, quando você mora com morava com três, quatro irmão, você poda estar certo, mas eles ficam te cobrando coisas."

Nessa semana vimos um Lula muito mais à vontade nas declarações e no trato com a imprensa, bem diferente de um Lula de uns tempos atrás.

domingo, 21 de setembro de 2008

sábado, 20 de setembro de 2008

A Crise Americana em uma simples analogia

Olá,


Vou postar aqui, com algumas modificações, um texto muito legal que a Carla me enviou. Explica a crise americana (ou mundial?) em termos "simples".

Permitam-me oferecer um similar nacional à crise americana. É assim: o seu João tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Por vender a crédito, ele aumenta um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito) e o gerente do banco do seu João, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o "fiado" dos pinguços como garantia.

Uns seis Zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS, PQP ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a que se façam operações estruturadas de derivativos na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (mas que são as tais cadernetas do seu João).


Esses derivativos vão sendo negociados como se fossem títulos sérios com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países, até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas e o Bar do seu João vai à falência.

E toda a cadeia'sifu'.

Comportamento político e representações


A mais recente pesquisa do instituto Datafolha aponta a mais alta aceitação do presidente Lula desde que assumiu, o índice está na casa de 64%.
Isso causou uma reviravolta nos discursos da oposição, temerosos uma possível perda de parte do elitorado, a oposição mudou totalmente o discurso, chegando ao cúmulo de: "Com o Lula, tudo bem. O problema é o PT".
Em uma visão futura, o plano de não atacar o presidente, no entanto, enfraquece o discurso da oposição, interessada em retomar o poder nas eleições de 2010.
E leva também ao cerne de outra questão, a identificação partidária, a muito perdida no Brasil. Isso pode se dever ao fato de grande parte do eleitorado ser de classes mais pobres e por isso possuem menos escolaridade e informação.
A ideologia partidária perdeu o foco, canditados não se identificam com a filosofia do partido mas os vêem como uma plataforma de lançamento político.
Sem contar o fato de as classes mais pobres venderem seus votos a troco de alguma coisa. O que reforça o que foi abordado acima.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ainda sobre a Bolívia

Aproveitando o assunto Bolívia levantado diariamente nos canais de notícias, e para aqueles que querem aprofundar um pouco mais nesse assunto, dou aqui uma dica interessante de uma "entrevista-aula" dada pelo professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Antonio Carlos Peixoto ao jornalista Mauro Malin aqui: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=503JDB008

domingo, 14 de setembro de 2008

Sem comparações, por favor!

O 11 de setembro ficou marcado não somente como o dia dos ataques às torres gêmeas nos Estados Unidos, como também o dia do golpe militar que derrubou Salvador Allende da presidência do Chile, e o início de uma das ditaduras mais sangrentas do continente americano.

A proximidade do período do ano e a instabilidade política nos deixam tentados a fazer comparações com a situação da Bolívia de hoje. Assim como Allende, Evo Morales chegou ao poder com propostas que afrontaram aos mais conservadores. O texto da nova Constituição prevê maior poder para os movimentos sociais e maior autonomia para as populações indígenas. Allende por sua vez fez reforma agrária desaprorpiando terras improdutivas e entregando-as aos camponeses e aumentou a intervenção aos bancos, para citar apenas algumas de suas ações.

Entretanto, temos de levar em consideração a conjuntura internacional da época do golpe chileno e da crise vivida pela Bolívia. A ascensão de Allende ao poder ( em 1970) com propostas socialistas afrontavam diretamente aos Estados Unidos e sua estratégia de manter a ordem capitalista em seu quintal diante do expansionimo da URSS ( que já afetara Cuba logo após a revolução de 59). O que se viu foi um apoio americano ao golpe que derrubou Allende.

Hoje, creio que não seja interessante para os Estados Unidos que haja conflitos na região, apesar da estupidez boliviana de expulsar o embaixador americano, e da reciprocidade americana. Radicalizar a retórica chavista do imperialismo do norte, sem contar a vinda da frota russa com finalidades de exercício militar na região do Caribe, acredito que não faça parte dos planos de Washington.

Um Intervalo Reflexivo aos domingos


Qualquer semelhança com a realidade conhecida (não) é mera coincidência...

sábado, 13 de setembro de 2008

Imigração em Cheque





Ser ou não ser !? Eis a Questão.


Com as recentes descobertas de grandes reservas de petróleo em território brasileiro, tornando o Brasil um dos principais países com reservas de petróleo do mundo, as discussões a respeito do futuro da nação tem se acirrado, assim levada a um ponto interessante.

Em novembro de 2007 o presidente brasileiro Luís Ignácio Lula da Silva declarou o interesse do Brasil em torna-se membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Fato que voltou a ser cogitado com a presença do secretário-geral da Organização, o líbio Abdalla Salem el-Badri no Brasil acerca de um mês atrás, levando-nos a questionar se realmente é positiva essa "aliança" considerada pelo governo brasileiro.

Para começar, a organização conta hoje com 13 países membros, sendo que três não gozam de boas relações com os Estados Unidos, maior consumidor de petróleo do mundo e principal estado investidor na economia brasileira; Além de Iraque e Irã, a vizinha do Brasil, Venezuela, terceira maior exportadora para o mercado norte-americano e quinta maior produtora mundial, não é vista com bons olhos pelo governo de George W. Bush.

Vale ressaltar também que os países membros da organização gozam de uma instabilidade econômica constante, principalmente por ter o petróleo, comoditie com preço volátil, como principal produto de suas economias. Além disso, o cartel constituído pelos países membros é visto de forma negativa pelas demais nações do globo, o que influencia diretamente na imagem dos estados signatários do acordo que deu origem a organização perante os outros estados, imagem essa considerada negativa.

O Brasil possui um histórico diplomático de destaque, baseado principalmente em sua neutralidade, fato esse que pode se perder caso o país adentre a OPEP, pois neutralidade no sistema internacional não é uma característica presente nos países membros, e creio que esse “pré-requisito” seria cobrado ao Brasil.

Ao analisar a possível hipótese do Brasil torna-se membro, creio que os "contras" hoje possuem um peso maior em relação aos "prós", fato esse que não parece ser considerado pelo Itamaraty.
E vocês, caros leitores, o que pensam sobre essa hipótese?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Guerra Civil????

Há muito tempo que a situação na Bolívia não anda nada boa e nessa semana parece que as coisas realmente podem esquentar pra valer.

A confusão teve inicio quando o presidente Evo Morales propôs uma reforma constitucional para “democratizar” o país, em 9 de Dezembro de 2007 a Assembléia Constituinte aprovou os 411 artigos do projeto de reforma, numa votação onde apenas foram vistos os partidários de Morales, nesse ponto o circo começou a se armar, de acordo com o Valor on-line um grupo de conservadores chegou a viajar para os Estados Unidos a fim de pedir ajuda ao país contra as irregularidades cometidas pelo governo boliviano, nesse período o governo enfrentou varias manifestações tanto ao seu favor, como contra.

O governo tem enfrentado oposição principalmente nas cidades mais ricas o que torna tudo mais difícil, em texto para Agência Brasil o professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, José Flávio Saraiva diz que a divisão dos poderes na Bolívia pode ser considerada histórica.

A situação no país piorou quando a população decidiu manter o governo de Morales e outros governadores.

Ontem manifestantes causaram um incidente que provocou a paralisação do principal gasoduto Bolívia-Brasil, que abastece principalmente a cidade de São Paulo. De acordo com o Ministro da Fazenda da Bolívia, Luis Alberto Arce, Morales está militarizando zonas onde a ocorrência de possíveis atentados sejam maiores, além de pontos petrolíferos e de gás, disse ele a Agência Brasil.

Não bastassem todos esses incidentes o embaixador dos EUA na Bolívia foi “enxotado” do país com a alegação de que ele estaria dando apoio a oposição popular.

P.S.: Não fiz um post de apresentação como os outros então este aqui fica sendo ela, prazer Frederico(Fred).

Tudo pela prevenção! (homenagem ao 11 de setembro)


Olá,

Os colegas me pediram para fazer um post “comemorativo” ao dia de hoje, então decidi analisar a política externa da gestão Bush, a partir dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 (um tema que pretendo abordar, aliás, em minha monografia).

Sabe-se que após esse acontecimento, os EUA envolveram-se em dois conflitos principais - no Afeganistão, em 2001, e no Iraque, em 2003 -, que obtiveram resultados diferentes no âmbito nacional e internacional. Embora num primeiro momento (de espanto, devido aos ataques) a intervenção militar no país de Osama bin Laden tenha conquistado legitimidade política perante a comunidade internacional, o mesmo não foi conseguido na ocupação do Iraque, visto que a falta de evidências do poderio nuclear iraquiano gerou uma dúvida quanto à legalidade dessa investida.

Avaliado, porém, pelo Departamento de Estado norte-americano como uma ameaça à segurança não só estadunidense, mas internacional, o Iraque sofreu a intervenção – sem a aprovação da comunidade internacional e da ONU. Essa ação trouxe consigo, então, uma inovação na política internacional, ao renegar o conceito moderno de soberania (viabilizado por meio do Tratado de Vestfália, em 1648) e consolidar a Doutrina Bush, isto é, “a adoção prioritária da força por parte dos Estados Unidos em detrimento do emprego de mecanismos diplomáticos em face de danos iminentes à segurança nacional”1.

Bush, portanto, leva adiante os valores contidos na sociedade ianque desde sua independência (como as idéia de “farol do Mundo” ou “cidade na colina”2) ao ofertar ao mundo a “visão dicotômica de apoio ou oposição à sua política externa”3 – vide seu famoso discurso: "todas as nações, em todas as regiões, agora têm uma decisão a tomar: ou estão conosco ou estão com os terroristas". O que se percebe, assim, é uma divisão maniqueísta do mundo, defendia à força pelos americanos (os “bonzinhos”) contra os terroristas (os “malvados”).

De forma geral, para não me alongar mais nesse texto (uma análise mais profunda sobre a política externa de Bush não caberia em um “post”), a avaliação do mandato desse chefe de Estado norte-americano é negativa, visto que grande parte de seus objetivos – de promover a democracia e a estabilidade no Oriente Médio, por exemplo – não foram alcançados. Além disso, o que se percebeu, às vezes, ao longo desses 7 anos, foi uma inversão de papéis entre as personagens americanas e terroristas, dado os registros de torturas a prisioneiros militares no Iraque e outras desconsiderações das Convenções de Genebra, como o estabelecimento de um presídio em Guantánamo – sem contar os vários outros centros de detenção em países não revelados pela CIA, que investigam possíveis ameaças à segurança estadunidense.

Por fim, os Estados Unidos parecem preparados para exercer seu poder na caça a terroristas e regimes maléficos, mas não o utilizam para ajudar a estabelecer uma ordem mundial mais estável e pacífica. Ao contrário de aprimorá-las, os Estados Unidos parecem estar degradando as normas e instituições da comunidade internacional.

ps= quem quiser saber de propostas para a política externa americana procure “Fukuyama: Invasion of the isolations” ou o livro do Nye, “O paradoxo do poder americano”. Sobre os princípios da Doutrina Bush, busque a Revista Política Externa, vol 11, nº 3, de janeiro de 2002/2003.

Fontes:

1,3: ARRAES, V. Estados Unidos: o insucesso da política externa bélica do governo Bush. revista de Economia & Relações Internacionais, v. 6, p. 50, 2007

2: PECEQUILO, Cristina Soreanu . A Política Externa dos Estados Unidos: Contiinuidade ou Mudança- Ampliada e Revisada. 2a. ed. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2005

Wallerstein, Immanuel Maurice. Declínio do poder americano : os Estados Unidos em um mundo caótico. Rio de Janeiro : Contraponto, 2004.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A anarquia hobbesiana

Não sei quanto a vocês mas sinto um clima cada vez mais estranho entre Rússia e Estados Unidos. Vamos tentar analisar e ver o que ocorre. Antes disso vamos olhar o que de recente vem acontecendo.

Primeiro: as divergências quanto a situação de Kosovo. Os Estados Unidos declararam ser favoráveis à independência da região pertecente anteriormente à Sérvia.

Segundo: a invasão russa na Geórgia, aliada dos americanos (é importante frisar que não só a Geórgia conta com um governo pró-americano, mas como também a Ucrânia aspira entrar para a UE e para a OTAN, contando com apoio americano). O fato dos Estados Unidos enviarem navios militares para entregar ajuda humanitária na Geórgia causou desconforto para os russos.

Terceiro: o anúncio da Rússia de que enviará uma frota para o Caribe. Uma resposta, talvez, ao anúncio americano na construção de escudos antimísseis no Leste Europeu.

No entanto, o enraizamento de uma cultura de inimizade dos Estados Unidos em função de longas décadas de rivalidades com a URSS, fez com que os americanos durante as gestões de Clinton e Bush não oferecessem uma real ajuda para consolidar a democracia do país e a inserir no mundo ocidental. O que vemos hoje é uma Rússia pouco democrática, humilhada, se sentindo ameaçada, e disposta demonstrar seu poderío militar.

O que de fato é relevante ressaltar é o revigoramento russo, tanto em temas estratégicos como em termos energéticos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Disputa nos estados



Olá,

Vai aí um post preguiçoso, mas informativo. Na foto da esquerda, vemos os estados onde cada candidato está ganhando e onde os eleitores ainda se mantém indefinidos (independentes). A disputa, como se pode perceber, é acirrada e, de acordo com o The Economist, "McCain precisa de 55% dos votos independentes e 15% dos votos democratas para vencer a eleição". O republicano, porém, já pode comemorar os efeitos positivos de sua nova chapa, visto que pela primeira vez assumiu a liderança nas pesquisas (Folha) pela disputa à Casa Branca. Embora esses números não signifiquem muita coisa (como explica Idelber), dada a complexidade do sistema eleitoral americano e a história eleitoral desse país (o último último candidato a ser eleito com mais de 50% dos votos foi Bush pai, em 1988, com 53,4%), eles revelam que a aposta de McCain foi acertada - e justificam a colocação dessa foto da direita aqui.
Novamente sobre a foto dos estados, as pesquisas nesses locais ainda indecisos (cerca de 15) são as únicas que realmente importam. Enquanto nos estados costeiros (como Califórnia e Nova Iorque) Obama é o favorito - os democratas sempre são, aliás, favoritos nessas regiões, segundo Rodrigo Cerqueira - nos estados centrais McCain é o principal candidato.

Levando-se em consideração que cada candidato já entra com 40% na disputa presidencial, é mais do que correto afirmar que ambos têm chance e que o próximo presidente americano será eleito com uma margem pequena de vantagem em relação a seu adversário.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Xeque Mate



A eficiência do jogo político dos dois candidatos à presidência americana parece ter atingido o auge nessa semana. Enquanto o senador Obama encerrava seu tour de shows com o espetáculo chamado "Convenção democrata" mostrando estar pronto para o embate final, o senador McCain mexeu sua última peça introduzindo a governadora Sarah Palin como vice-presidente de sua chapa.

De um lado do tabuleiro, então, Obama tratou da pauta democrata (corte de impostos, fim de isenções fiscais para multinacionais e da dependência americana do petróleo, criação de cinco milhões de empregos etc), mas não trouxe novidades nas questões internacionais - retirada das tropas do Iraque e foco na guerra contra a Al-Qaeda. O candidato encerrou seu discurso enfatizando que a América não pode caminhar sozinha e prometeu acabar com a política falida de Washington ("America, we cannot turn back. We cannot walk alone").

Do outro lado, McCain não demonstrou claramente a agenda republicana e falhou em evidenciar suas diferenças com relação ao governo Bush, mas distingüiu sua candidatura da de Obama como a diferença "entre quem faz e quem fala". O lado positivo da convenção republicana foi surpreendentemente (ou não) o discurso de Sarah Palin, a qual utilizou ironias e piadas contra o candidato democrata.

Ao contrário de McCain, que em poucos momentos se sintonizou com a platéia, a governadora do Alaska encantou o público ao se definir como uma "hockey mom" (uma espécie de mãe durona) e brincar: "sabem qual é a diferença entre uma hockey mom e um pitbull? O baton". Da mesma forma, quando falou sobre sua primeira experiência na política - e uma das poucas, como prefeita de uma cidade do Alaska - Sarah a comparou com o currículo de Barack Obama dizendo ser "algo bem parecido com um ativista comunitário, só que com uma diferença: a responsabilidade do cargo".

Percebe-se, então, que o embate principal nas duas convenções parece ter sido entre Sarah Palin e Barack Obama, já que a governadora foi capaz de enfrentar o candidato democrata e ainda passar a imagem aos eleitores de que ela também representa uma chapa pela mudança (algo que McCain não conseguiu fazer).

Assim, a surpresa da nomeação de Palin superou o êxtase do estonteante - mas já costumeiro -show de Obama e reposicionou as peças do tabuleiro. Ao perder, ou menosprezar, a chance de nomear Hillary como rainha, o rei Obama corre perigo agora que a rainha adversária entrou no jogo. Assim como no xadrez, ela é versátil, multifuncional (é uma conservadora radical, jovem, honesta, rebelde, pesca, caça, é mãe de cinco filhos e tem cara de bibliotecária) e pode executar o xeque mate. Enquanto isso, o rei McCain parece fugir da batalha pelos cantos, dando a impressão de ser menos capaz do que sua rainha - ou vice, como queiram...

ps= veja o discurso de Sarah aqui

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Um quintal dividido

Confesso que estou intrigado com o que está acontecendo na Rússia e em seu quintal.

A invasão russa na Geórgia, ocorrida no mês passado levantou diversas dúvidas e explicações desse fato. Levantou-se a hipótese da Rússia tentar derrubar o presidente georgiano Mikhail Saakashvili pró-americano e favorável à entrada da Geórgia na OTAN. Atrelado a isso, uma aproximação da Geórgia com os Estados Unidos fere a história do ordenamento geopolítico da região que sempre cedeu aos domínios russos. Pelo visto uma Rússia se sentindo ameaçada pelo aumaneto da influência ocidental em seu quintal não faz nada bem à região.

Por outro lado, a invasão na Geórgia não seria também uma resposta russa ao apelo americano e de outros importantes países da UE na tentativa de legitimar a independência de Kosovo?
Será que o apoio russo à Ossétia do Sul não poderá provocar uma crise interna na Rússia em relação a focos separatistas como é o caso da Chechênia?

O fato é que algumas ex-repúblicas soviéticas já trataram de tirar os "seus da reta", como pode ser visto nesta página.

Sejam todos bem vindos !

Como comentado nos posts anteriores por meus colegas internacionalistas ( quase lá ), concluo que não preciso mais explicar o objetivo da utilização dessa maravilhosa ferramenta moderna, o blog.
Por ter um interesse maior em áreas das Relações Internacionais ligadas a comércio internacional e conflitos internacionais, estarei tentando levar a você, leitor, informações e fatos relacionados a tais acontecimentos no nosso dia-a-dia.
Começamos a produzir alguns textos essa semana e espero estar compartilhando com todos o mais rápido possível. Abraços e até o próximo post.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Julgamentos sem sentido e noções diversas…



Olá, aproveitando que o Bernardo já "quebrou o gelo" inicial, também vou escrever aqui algumas palavras introdutórias. As minhas principais áreas de interesse estão relacionadas com cultura e política, então será sobre assuntos ligados a esses temas que eu deverei tratar.

Pretendo analisar, portanto, alguns filmes, cujos tópicos centrais envolvem assuntos de RI - focando, principalmente, em guerra e paz, política externa americana, terrorismo, direitos humanos e intervenções humanitárias. Já no que diz respeito a política em si, me interesso mais pelas questões do século XX (e XXI), sobretudo o estudo dos conflitos internacionais.

Por fim, também gostaria de ressaltar a importância do debate, como forma de aprendizado e diversificação de opiniões.

Obrigado.

ps= por favor, opinem sobre essa montagem como possível "cabeçalho" para o blog.

Abertura de Debates

Já que ninguém quer começar, então eu declaro aberto os debates deste blog. Espero que tenhamos várias discussões não afim de chegar a uma consenso, mas simplesmente tentarmos mostrar algumas visões diferentes e divergentes sobre os temas a serem postados.

Como estudantes de relações internacionais, os objetos principais de análises e discussões desse blog obviamente serão temas ligados à área de política internacional, política externa e algumas pinceladas de comércio internacional, mas também não ficaremos presos somente a esses assuntos.

Assuntos como cinema, esportes, música, curiosidades sobre outros povos, enfim, manifestações culturais em geral, e diversão, serão bem vindos dos colaboradores com a finalidade de diversificar este espaço e não nos esgotarmos sempre nos mesmos assuntos.

Para engrandecer nossos debates proponho que nossos incontáveis leitores comentem aqui.

Por fim, espero que todos usem esse espaço como diversão e aprendizado.
E vamos à produção de textos!