domingo, 20 de dezembro de 2009

Estabilidade na América do Sul

Depois de um tempinho finalmente volto a postar algo no blog. Sem mais desculpas pelos meses parados ( produzir uma monografia já é desculpa suficiente) vamos ao que interessa.

Percebo que pouco abordamos temas relacionados à América Latina aqui. O irônico é que este tema foi bastante estudado por nós no curso de RI.

Achei interessante um estudo feito pelo Observaório Político Sul-Americano sobre o Mapa da Estabilidade na região. Vale a pena da uma conferida.

O estudo aponta que no primeiro semestre de 2009 houve uma percepção de maior estabilidade política na América do Sul. É um paradoxo se analisarmos o contexto de crise econômica internacional muito presente (principalmente no primeiro semestre). A América do Sul é bastante dependente das exportações de comodities. A crise abaixou em 50% o preço destas no mercado internacional. O "normal" seria uma radicalização da retórica ante-americana principalmente por parte de países como Venezuela e Bolívia, assim como o aumento da violência política gerado pelo aumento do desemprego e pelo baque na economia sul-americana.

Não foi o que se viu.

Uma explicação plausível seria o grande apelo popular dos governos dos países na América do Sul em geral. O ano de 2009 foi marcado por eleições na região. Evo Morales, por exemplo, confirmou sua popularidade vencendo as eleições na Bolívia.

De fato isso contribui para a tranquilidade momentânea da região contrariando as expectativas. Vejamos se essa estabilidade se sustenta na região.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

E agora, José?


Meus caros, meu (nosso) curso de graduação finalmente chegou ao fim e a pergunta ululante em minha mente é: "e agora, José?" Embora parafrasear esse poema de Drummond já seja um clichê, não há como não me lembrar nesse momento das inquietantes palavras do poeta. É como se ele me olhasse e me dissesse: o curso acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José ? José, pra onde?

São muitos caminhos, muitas opções para um estudante recém-formado em Relações Internacionais, como o post abaixo mostra (só não me decidi ainda se isso é um ponto positivo ou negativo...). O problema é justamente decidir qual caminho seguir. É verdade que as opções já não são tantas quanto eram há poucos meses, tendo em vista que praticamente todas as inscrições para os programas de Trainee e Mestrado já se finalizaram. Mas a angústia ainda persiste.

Por enquanto, a estrada que decidi percorrer segue em rumo aos concursos públicos, em especial, aqueles voltados à área de RI e ciência política. No entanto, isso não significa que não farei alguns desvios pelo caminho. Ainda neste ano tentarei publicar alguns artigos que escrevi e seguirei timidamente em busca de um emprego no setor privado (no público, já tenho uma vaga garantida pro ano que vem no IBGE).

Para o post não ficar tão dramático-emotivo-pessimista, gostaria de congratular aqueles que também concluíram o curso. Foram quatro anos de estudos (para alguns) e festas (para outros) que culminaram na escritura da monografia; anos trabalhosos e ao mesmo tempo prazerosos. Foram muitos anos estudando os Estados Unidos ao invés do Brasil ou outros países relevantes no sistema mundial, mas, enfim, terminamos nossa graduação. Agora podemos definitivamente nos especializar/trabalhar naquilo que gostamos mais.

E agora, José? José, pra onde?



domingo, 5 de julho de 2009

O mundo das incertezas internacionalistas

Recentemente, publiquei duas enquetes na comunidade de Relações Internacionais da UVV, no orkut. Em uma eu perguntava qual matéria deveria ser retirada da nossa grade curricular; e, na outra, buscava saber o que o aluno de RI da UVV se imaginava fazendo após o fim do curso. Na primeira, a maioria decidiu que “Português” (29%) é, disparada, a matéria mais irrelevante ou impertinente da nossa grade, seguida por “Inglês e Espanhol” (14%), e “Projeto de Monografia” e “Economia Capixaba” – com iguais 11%. Já no que diz respeito às ambições futuras, a maior parte dos alunos pretende seguir carreira diplomática (22%), trabalhar com comércio exterior (14%), continuar no meio acadêmico fazendo mestrado em RI (14%) ou iniciando outra graduação (14%).


Confesso que o resultado da enquete sobre a alteração na grade curricular não me surpreendeu. Embora a Tânia “Talentosa” (vai dizer que você não se lembra da dinâmica de se definir com um adjetivo que se inicie com a mesma letra do seu nome?) seja uma pessoa muito simpática e uma boa profissional, o conteúdo programático dessa matéria não difere daquele das aulas de português do ensino fundamental e médio – conteúdo que, por sinal, não é muito bom e contribui para a perpetuação da condição quase analfabeta da população brasileira, a qual não sabe interpretar textos, como mostram pesquisas feitas pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos e pelo Ibope.


A mesma crítica pode ser feita ao ensino de inglês. Aprendemos tudo aquilo que já vimos desde a 1ª série, com as nossas “tias”: o verbo “to be”. A culpa, novamente, não é da professora Renata, que até tenta incluir vocabulários relacionados às relações internacionais, e sim do desnível entre os alunos. Quanto ao espanhol, cujo aprendizado recentemente se tornou obrigatório nas escolas brasileiras, pesa o fato de que em seis meses de aula na UVV (mesmo que ministradas pelo excelente professor Pablo) ninguém estará apto a negociar, ler ou escrever textos acadêmicos nessa língua. O ideal para aqueles que não sabem esses idiomas seria procurar um curso específico fora da faculdade, no qual poderão aprender sem prejudicar aqueles que já os estudaram.

Em suma, o resultado sobre a grade curricular está muito atrelado ao modo como as matérias são apresentadas. Nesse sentido, pode-se discutir também a importância dos tópicos discutidos em “Economia Capixaba”, que estão muito mais voltados para os estudos da geografia do estado do que para relação íntima da região com o comércio exterior (uma abordagem mais apropriada para o curso). Fazendo uso das palavras do colega Zé Paulo, sobre uma questão de prova que perguntava se a bovinocultura é a atividade mais importante do município de Ecoporanga, “o que raios me importa e qual a verdadeira relevância disso para a grade de relações internacionais”?

Essa mesma pergunta precisaria ser feita a vários outros professores, os quais deveriam se preocupar em relacionar a matéria que estão lecionando com o estudo de relações internacionais. Afinal, a base, as expectativas, e as dificuldades de um estudante desse curso são diferentes de um aluno do curso de biomédicas, direito ou administração. Nós somos apenas tijolos no muro, caros professores, mas somos tijolos diferentes. Gostaríamos que os senhores se dispusessem a preparar suas aulas sabendo em qual curso as estão expondo.



Quanto à segunda enquete, me surpreendi com o resultado. Não esperava que a maioria dos alunos pensasse em seguir carreira diplomática ou no magistério, dada a irrisória participação em projetos como “Nações” ou o desleixo de grande parte dos colegas, que apenas “estudam para passar”. Se o objetivo de quase ¼ dos futuros internacionalistas formados na UVV realmente for esse, é realmente imprescindível uma reformulação na nossa grade curricular, de modo a diversificar os assuntos lecionados – que tal estudarmos um pouco sobre a região da América do Sul ao invés de aprendermos pela milionésima vez a história da política externa norte-americana? - e intensificar o estudo da política externa brasileira.

Durante esse último semestre, portanto, percebi que não estou sozinho no mundo das incertezas internacionalistas. Assim como eu, os meus colegas se afligem com as mesmas dúvidas sobre o futuro no mercado de trabalho e se indignam com as mesmas questões referentes ao nosso curso. É certo que alguns já sabem qual caminho seguirão com o iminente término da graduação em Relações Internacionais, mas muitos continuam sem saber o que fazer a partir do próximo ano. Se você é um destes, bem-vindo ao clube.
ps: agora que eu vi que não comentei sobre "Elaboração de Projetos". Mas, pensando bem, acho que essa dispensa comentários...

domingo, 7 de junho de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O que é uma "nação"

Olá a todos, após um grande período de inatividade venho lucidar a questão de como se definir uma "nação". Essa temática vem sendo mais amplamente discutida em meu trabalho de conclusão de curso, dessa forma, vou apresentar para vocês algumas conclusões que cheguei até agora em minhas pesquisas. Um pequeno detalhe, as abordagens que farei são focadas em trabalhos antropológicos e sociológicos.


Hugh Seton – Watson afirma que “ [...] eu sou levado a concluir que não é possível elaborar nenhuma ‘definição científica’ de nação; mas o fenômeno existiu e continua a existir”.
Este problema reside, no entanto, no fato de que não há meio de informar a observadors como distinguir a priori uma nação de outras entidades. Dessa forma notamos que muitos conceitos foram eleborados ao longo dos anos cujos quais utilizaram e estabeleceram critérios objetivos para se definir uma nação, ou para explicar por que certos grupos se tornaram nações e outros não, esses critérios objetivos foram formulados com com base em critérios simples como a língua ou a etnia ou em uma combinação de critérios como a língua, o território comum, os traços culturais e outros mais. Essas interpretações isatisfatórias levaram a interpretações pouco abrangentes. Dessa forma podemos afirmar que tais definições falharam pela razão de que, dado que apenas alguns membros da ampla categoria de entidades que se ajustam a tais definições podem, em qualquer tempo, ser descritos como nações, sempre é possível descobrir exceções. Ou os casos que correspondem à definção não são (ou não são ainda) nações nem possuem aspirações nacionais, ou sem dúvida as nações não correspondem aos critérios ou à combinação.

[...]

Estado-nação para que uma nação seja considerada como tal, não nos é útil pois falha em explicar o surgimento de um estágio “embrionário” de nação, ou seja, aquela que ainda não conquistou o status de nação soberana.
Todavia, existe uma outra forma alternativa para a definição objetiva de nação, é uma definição subjetiva, tanto coletiva, quando individual. Que para HOBSBAWM são

Tentativas evidentes de se escapar da compulsão do objetivismo a priori, adaptando, de forma diferente em ambos os casos, a definição de “nação” a territórios nos quais pessoas com diferentes línguas ou outros critérios “objetivos” coexistem [...] (1990, p. 17).

Essa forma de definição de pertencimento subejtivo à uma comunidade teve início em Max Weber. Porém sua definição não nos será de muita utilidade, mas utilizaremos autores que foram fortemente influenciados por suas idéias, como é o caso de Benedict Anderson. Em seu trabalho Comunidades Imaginadas (2008), Anderson apresenta a seguinte definição de nação

uma comunidade política imaginada – e imaginada como sendo intrinsecamente limitada e, ao mesmo tempo, soberana.
Ela é imaginada porque mesmo os membros das mais minúscula das nações jamais conheceram, encontrarão, ou se quer ouvirão falar da maioria de seus companheiros, embora todos tenham em mente a imagem viva da comunhão entre eles. (2008, p.32).

Anderson estabelece essas questões como base em um sentimento de pertencimento subjetivo tanto do grupo quanto individual. Isso se significa que os membros/pessoas que compõem aquele grupo se identificam como pertecentes a ele em um nível “imaginativo”. Segundo o autor, o resultado de se imaginar uma nação decorre de dois sistemas culturais que perderam seu domínio axiomático sobre a mentalidade dos homens.

[...]

Esses são alguns trechos retirados da minha monografia e de livros de alguns autores.
Espero que todos gostem!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Quanto vale o ser humano?


Só para manter esse blog em atividade, reproduzo aqui uma dissertação que escrevi há muito tempo.

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. (Cecília Meireles)

O conceito de liberdade é caracterizado pelo estado ou condição de homem livre. Até que ponto somos livres numa sociedade em que a estrutura é fechada e os indivíduos com baixo poder aquisitivo são excluídos? A conjuntura social, tolhida pelos princípios capitalistas, apresenta um círculo vicioso da miséria e nos torna escravos do processo.

A ideia atual de liberdade está diretamente ligada à economia, ou seja, nesse processo quanto mais capital um individuo possui, mas liberdade pode ter. Além disso, em países como o Brasil, onde há um predomínio católico, a sociedade estabelece uma esmola instituída. Baseado em valores cristãos, em que um individuo deve ajudar o próximo, a hipocrisia circunstante torna a miséria em algo positivo – ao doar alimento ou agasalho o cidadão acredita estar ajudando, quando na verdade contribui para a instalação do círculo vicioso da miséria.

Para ser livre é necessário abdicar de valores, como os dogmas religiosos e as ideias capitalistas. No fundo, no entanto, todos somos conservadores e é impossível ser totalmente livre. O ser humano vale o quanto é capaz de produzir e é avaliado não por seus nobres valores morais, mas pela quantidade de seus bens materiais.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Suruba linguística: português, uma língua bastarda


Essa discussão toda sobre as novas leis ortográficas do português despertou em mim um interesse súbito em conhecer melhor as origens da nossa língua. Pesquisando e ouvindo comentários de especialistas cheguei a duas conclusões: a primeira, as línguas são como pessoas. Elas têm pai, mãe, avós, irmãos; crescem, adoecem e um dia morrem, deixando descendentes. A segunda, correlacionada com a primeira, é que o português não é uma língua igual às outras.

Ao contrário das demais, que geralmente só tem um pai e uma mãe, o português tem uma mãe e vários pais. Ou seja, o idioma que falamos é um filho bastardo do latim (que, aliás, “gostava da coisa”, já que teve nove filhos, entre eles, o italiano, o espanhol e o francês) com outras línguas. Ainda na Antiguidade, várias “fusões” ocorreram. Primeiro, entre os celtas e os iberos, depois, entre esses povos e os fenícios, que invadiram a região da Península Ibérica e os obrigaram a falar o fenício, formando o “celta-ibero-fenício” (entre os séculos X e I a.C.). Quando os gregos e os romanos chegaram, por volta de I a.C, nossa língua materna não pensou duas vezes e se fundiu novamente (atualmente, por isso, temos cerca de 2 mil palavras em grego no nosso idioma).

Com a queda do Império Romano no Ocidente, os germanos aproveitaram o momento de fraqueza imperial para reivindicar um lugar na suruba. Por sinal, a influência que a civilização romanizada e cristã lusitana sofreu dos povos bárbaros germânicos é percebida na nossa língua até hoje, visto que quase 2 mil palavras portuguesas derivam do alemão. A última e uma das mais duradouras e significantes penetrações foi realizada pelos árabes, os quais permaneceram 400 anos na Lusitânia – cerca de 30 mil vocábulos portugueses decorrem hoje do árabe (a maioria das palavras iniciadas em “al”, sem contar algumas expressões, como “Oxalá”, que significa “queira deus” ). Em Portugal, portanto, a mistura lingüística terminou no século XV, quando o Rei Dom Manoel promulgou uma lei proibindo a entrada de qualquer outra língua no país.

No Brasil, porém, a língua portuguesa continuou se fundindo com outras. Durante o período colonial, sofreu influência das línguas indígenas locais (hoje, a maioria dos nomes de locais e de animais derivam delas) e das línguas africanas - temos 12 mil termos africanos atualmente em nossa língua, reflexo dos 300 anos de escravidão, quando havia 260 mil brancos falantes do português e 3 milhões de negros falando idiomas africanos, de acordo com Gilberto Freyre -. Além desses idiomas, podem-se destacar também o holandês e o espanhol como pais da língua portuguesa na época de colônia.

Como você deve ter imaginado, essas fusões não foram suficientes para saciar nossa língua mãe. Nos séculos XIX e XX, ainda se uniram ao nosso idioma o italiano (5000 palavras), o japonês e, por fim, as línguas predominantes do século passado (francês e inglês), as quais conseguiram fascinar e domar também o português, que não hesitou em empregar termos como abajur, sutiã, piquenique, boite, bar, folder, banner, outdoor... Ora, o português pode até ser um filho bastardo (e promíscuo), mas, pelo menos, isso nos tornou (sem sabermos) poliglotas.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Documentário sobre a vida dos palestinos

Olá,
Depois de uma longa pausa (culpem as férias e a preguiça) resolvi voltar a postar. Na verdade, ainda não vou escrever nada, apenas quis publicar um vídeo muito interessante (e pertinente, considerando os acontecimentos atuais) sobre a situação na Palestina. É um documentário entitulado "Palestine is still the issue", que trata da complexa relação de existência entre israelenses e palestinos.
São 50 minutos de documentário, em inglês, que valem a pena!