quinta-feira, 14 de maio de 2009

Quanto vale o ser humano?


Só para manter esse blog em atividade, reproduzo aqui uma dissertação que escrevi há muito tempo.

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. (Cecília Meireles)

O conceito de liberdade é caracterizado pelo estado ou condição de homem livre. Até que ponto somos livres numa sociedade em que a estrutura é fechada e os indivíduos com baixo poder aquisitivo são excluídos? A conjuntura social, tolhida pelos princípios capitalistas, apresenta um círculo vicioso da miséria e nos torna escravos do processo.

A ideia atual de liberdade está diretamente ligada à economia, ou seja, nesse processo quanto mais capital um individuo possui, mas liberdade pode ter. Além disso, em países como o Brasil, onde há um predomínio católico, a sociedade estabelece uma esmola instituída. Baseado em valores cristãos, em que um individuo deve ajudar o próximo, a hipocrisia circunstante torna a miséria em algo positivo – ao doar alimento ou agasalho o cidadão acredita estar ajudando, quando na verdade contribui para a instalação do círculo vicioso da miséria.

Para ser livre é necessário abdicar de valores, como os dogmas religiosos e as ideias capitalistas. No fundo, no entanto, todos somos conservadores e é impossível ser totalmente livre. O ser humano vale o quanto é capaz de produzir e é avaliado não por seus nobres valores morais, mas pela quantidade de seus bens materiais.

5 comentários:

Bernardo R. Murillo disse...

Bom ver o seu alento em postar novamente. Sempre nos brinando com textos muito bons.

Quanto a liberdade, creio que seja utópica o exercício de sua totalidade.Sempre teremos privações de algumas liberdades, tanto em uma sociedade capitalista, quanto em uma sociedade comunista.

Em alguns dias volto a postar algo.

Anônimo disse...

bom texto!

bruno

Canalhismo Fascinante disse...

Belo texto. Me parece que está certíssimo.

A dúvida que segue essa conclusão é sobre como agir: tentar remar contra a maré? Parece um esforço inútil. Jogar segundo as regras? Seria uma fuga covarde.

Empaco.

Enzo Mayer Tessarolo disse...

Bernardo,

a conclusão é justamente essa: não há como ser totalmente livre. Usei o "capitalismo" porque é a ideologia predominante. Poderia ser comunismo, anarquismo...

Volte a postar mesmo!

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Bruno, valeu.

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Caro Canalha,

Belíssima conclusão. Empacamos todos.

Você já leu "O Conselho", de Mesquita Neto? Quando vi seu "nome" me lembrei desse poema, que é algo assim (se não me falha a memória):

"Se em meio ao canalhismo fascinante,
puderes tu viver honestamente,
Se fores homem, homem realmente,
Em meio a hipocrisia circulante;
Se ao torpe exemplo desta triste gente
Vendível e venal, tão repugnante,
O teu caráter nunca vacilante,
Sobrepujar, vencer valentemente;
Se puderes embora sendo pobre,
ficar a cavaleiro desses judas,
Em cujas podridões as almas somem,
Terás, meu filho, uma existência nobre,
Se não puderes, ouve, não te iludas,
Despreza a vida, morre como homem".

Valeu, escreva mais vezes.

obs: é possível que eu tenha invertido alguns versos...

Anônimo disse...

Maravilhoso texto, concordo plenamente no conceito que você atribuiu a liberdade, quando fala que a verdadeira liberdade depende de abdicar o capitalismo e da igreja