quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A Campanha do pânico financeiro e suas fraquezas

A quantidade de notícias sobre a “atual” crise financeira norte-americana nos leva a refletir sobre uma possível campanha de desinformação, baseada no medo do consumidor de que seu poder de compra e capacidade de contrair crédito diminua ou até mesmo se extinga, levando-se em consideração a falência de bancos.

Essa campanha iniciada por Bush (que no dia seguinte ao encontro na ONU fez um discurso que tratou somente da crise e defendeu o pacote de ajuda bilionário como forma de salvar o país de uma “recessão longa e dolorosa”) tem repercutido na mídia internacional com o uso de manchetes apocalípticas (“The World As We Know It Is Going Down”, no Der Spiegel, só para exemplificar) que, no mínimo, influenciam o leitor a concordar com a visão do presidente norte-americano. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Henry Paulson – secretário do Tesouro – chegou a se ajoelhar diante da presidente da Câmara para que a mesma não inviabilizasse o acordo prospoto, segundo a última Veja de setembro.

O maior defeito dessa campanha, porém, reside no fato de que a ajuda aos bancos deve partir do consenso popular e a popularidade de Bush é ridiculamente baixa, desde o início desse ano (beirando os 30%). Nesse sentido, sua capacidade de coagir os ianques a aceitar um projeto notadamente estadista é muito baixa. Aliás, aí está o outro problema desse pacote de ajuda: sua característica contrária ao livre-mercado. O que aconteceu com a auto-regulamentação dos mercados? Se alguns bancos agiram de forma errada concedendo empréstimos a quem não deveriam (os pinguços desempregados daquela “simples analogia” que já postei), que essas empresas sofram agora as conseqüências. Afinal, os bancos são apenas uma forma criada pelo mercado para facilitar empréstimos e o fim dessas entidades financeiras significa o surgimento de outras estruturas. Não é a lei da sobrevivência a égide do funcionamento do capitalismo?

A rejeição da proposta do governo, incentivada pelos próprios republicanos, demonstra a fraca liderança de Bush em seus últimos dias como presidente. Essa tentativa de ajudar os bancos parece ter sido um ensaio desesperado de sair do cargo com algum prestígio, como o presidente que salvou a Bolsa americana e solucionou crise financeira (o que esse pacote, aliás, não faria).

2 comentários:

Unknown disse...

Seu socialista, ta feliz com o fim do capitalismo???
AIUoaHoiAUhAOIAioAH
Vc q vai perde, ta xeio de dinhero em acao...

Enzo Mayer Tessarolo disse...

eaiuhaeiouaehioaeuh!! nao eh bem assim.. só estava mostrando as contradições de se intervir na economia num sistema neoliberal capitalista. Se é pra jogar o jogo da auto-regulação dos mercados, não vale pedir "isola" quando a coisa desanda neh?!

realmente, mas pelo menos ainda tenho o dólar...