quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tudo pela prevenção! (homenagem ao 11 de setembro)


Olá,

Os colegas me pediram para fazer um post “comemorativo” ao dia de hoje, então decidi analisar a política externa da gestão Bush, a partir dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 (um tema que pretendo abordar, aliás, em minha monografia).

Sabe-se que após esse acontecimento, os EUA envolveram-se em dois conflitos principais - no Afeganistão, em 2001, e no Iraque, em 2003 -, que obtiveram resultados diferentes no âmbito nacional e internacional. Embora num primeiro momento (de espanto, devido aos ataques) a intervenção militar no país de Osama bin Laden tenha conquistado legitimidade política perante a comunidade internacional, o mesmo não foi conseguido na ocupação do Iraque, visto que a falta de evidências do poderio nuclear iraquiano gerou uma dúvida quanto à legalidade dessa investida.

Avaliado, porém, pelo Departamento de Estado norte-americano como uma ameaça à segurança não só estadunidense, mas internacional, o Iraque sofreu a intervenção – sem a aprovação da comunidade internacional e da ONU. Essa ação trouxe consigo, então, uma inovação na política internacional, ao renegar o conceito moderno de soberania (viabilizado por meio do Tratado de Vestfália, em 1648) e consolidar a Doutrina Bush, isto é, “a adoção prioritária da força por parte dos Estados Unidos em detrimento do emprego de mecanismos diplomáticos em face de danos iminentes à segurança nacional”1.

Bush, portanto, leva adiante os valores contidos na sociedade ianque desde sua independência (como as idéia de “farol do Mundo” ou “cidade na colina”2) ao ofertar ao mundo a “visão dicotômica de apoio ou oposição à sua política externa”3 – vide seu famoso discurso: "todas as nações, em todas as regiões, agora têm uma decisão a tomar: ou estão conosco ou estão com os terroristas". O que se percebe, assim, é uma divisão maniqueísta do mundo, defendia à força pelos americanos (os “bonzinhos”) contra os terroristas (os “malvados”).

De forma geral, para não me alongar mais nesse texto (uma análise mais profunda sobre a política externa de Bush não caberia em um “post”), a avaliação do mandato desse chefe de Estado norte-americano é negativa, visto que grande parte de seus objetivos – de promover a democracia e a estabilidade no Oriente Médio, por exemplo – não foram alcançados. Além disso, o que se percebeu, às vezes, ao longo desses 7 anos, foi uma inversão de papéis entre as personagens americanas e terroristas, dado os registros de torturas a prisioneiros militares no Iraque e outras desconsiderações das Convenções de Genebra, como o estabelecimento de um presídio em Guantánamo – sem contar os vários outros centros de detenção em países não revelados pela CIA, que investigam possíveis ameaças à segurança estadunidense.

Por fim, os Estados Unidos parecem preparados para exercer seu poder na caça a terroristas e regimes maléficos, mas não o utilizam para ajudar a estabelecer uma ordem mundial mais estável e pacífica. Ao contrário de aprimorá-las, os Estados Unidos parecem estar degradando as normas e instituições da comunidade internacional.

ps= quem quiser saber de propostas para a política externa americana procure “Fukuyama: Invasion of the isolations” ou o livro do Nye, “O paradoxo do poder americano”. Sobre os princípios da Doutrina Bush, busque a Revista Política Externa, vol 11, nº 3, de janeiro de 2002/2003.

Fontes:

1,3: ARRAES, V. Estados Unidos: o insucesso da política externa bélica do governo Bush. revista de Economia & Relações Internacionais, v. 6, p. 50, 2007

2: PECEQUILO, Cristina Soreanu . A Política Externa dos Estados Unidos: Contiinuidade ou Mudança- Ampliada e Revisada. 2a. ed. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2005

Wallerstein, Immanuel Maurice. Declínio do poder americano : os Estados Unidos em um mundo caótico. Rio de Janeiro : Contraponto, 2004.

5 comentários:

Bernardo R. Murillo disse...

Saldações Enzo!

Eu sabia que você não nos dedecepcionaria. Valeu pela lembrança.

Interessante também aquela discussão na aula da professora Evelyn sobre a mescla norte americana do discurso idealista com práticas realistas, principalmente nesses conflitos que você mencionou.

Frederico T. Carminati disse...

concordo com voce, ele sai sem resolver os prncipais problemas de sua gestao, sua guerra no iraque(penso eu que ele tenha ficado com inveja do pai, hehe) e o problema no afeganistao, agora e esperar para ver como ficarao essas questoes no proximo governo.

Anônimo disse...

"[...]a avaliação do mandato desse chefe de Estado norte-americano é negativa, visto que grande parte de seus objetivos – de promover a democracia e a estabilidade no Oriente Médio, por exemplo – não foram alcançados[...]"

Sou obrigado a nao concordar com essa sua visao. INFELIZMENTE, sou obrigado a defender (eew) o presidente norte-americano, pois Bush nunca afirmou que faria isso quanto presidente. Ele iniciou um processo "norte-americano" para a democratizaçao do Oriente Médio, assim como, por consequnecia, sua estabilizaçao.
Niguem é tao presunçoso ao ponto de querer fazer isso em 4, ou 8 anos... Nem mesmo o Bush, rs.

No mais, curti o texto. Continuem alimentando o blog!

Abraços,

Zé Paulo

Enzo Mayer Tessarolo disse...

Olá, Zé Paulo, valeu pelo comentário!

Mas o fato de Bush não ter dito "EU vou democratizar o Oriente Médio" (será que não disse?)não significa que um de seus objetivos não era a reordenação política dessa região, já que, como você mesmo falou, "ele iniciou um processo 'norte-americano' para a democratizaçao do Oriente Médio, assim como, por consequnecia, sua estabilizaçao".

Não seria então, presunção do Bush tentar estabilizar o Oriente Médio por meio de uma intervenção democrática? A construção de nações é muito complexa e exige compromissos ilimitados e despendiossos, mas o governo Bush assumiu sim, o dever de promover o que se considera uma espécie de bem-estar social internacional no Iraque e no Afeganistão (e falhou em ambos os casos, até o momento).

você não concorda que esse era um dos objetivos de Bush?

Anônimo disse...

boa analise... concordo com vc quanto aos objetivos do bush