terça-feira, 9 de setembro de 2008

A anarquia hobbesiana

Não sei quanto a vocês mas sinto um clima cada vez mais estranho entre Rússia e Estados Unidos. Vamos tentar analisar e ver o que ocorre. Antes disso vamos olhar o que de recente vem acontecendo.

Primeiro: as divergências quanto a situação de Kosovo. Os Estados Unidos declararam ser favoráveis à independência da região pertecente anteriormente à Sérvia.

Segundo: a invasão russa na Geórgia, aliada dos americanos (é importante frisar que não só a Geórgia conta com um governo pró-americano, mas como também a Ucrânia aspira entrar para a UE e para a OTAN, contando com apoio americano). O fato dos Estados Unidos enviarem navios militares para entregar ajuda humanitária na Geórgia causou desconforto para os russos.

Terceiro: o anúncio da Rússia de que enviará uma frota para o Caribe. Uma resposta, talvez, ao anúncio americano na construção de escudos antimísseis no Leste Europeu.

No entanto, o enraizamento de uma cultura de inimizade dos Estados Unidos em função de longas décadas de rivalidades com a URSS, fez com que os americanos durante as gestões de Clinton e Bush não oferecessem uma real ajuda para consolidar a democracia do país e a inserir no mundo ocidental. O que vemos hoje é uma Rússia pouco democrática, humilhada, se sentindo ameaçada, e disposta demonstrar seu poderío militar.

O que de fato é relevante ressaltar é o revigoramento russo, tanto em temas estratégicos como em termos energéticos.

4 comentários:

Enzo Mayer Tessarolo disse...

Eu não diria que a falta de ajuda, no fim da Guerra Fria, no governo de Bush foi resultado da inimizade entre os EUA e a URSS. De certa forma, pode-se dizer que Bush (que durante toda sua vida foi preparado para governar num sistema bipolar, como mostra seu currículo) buscou não intervir no fim da União Soviética, pois uma ação norte-americana mais afirmativa poderia ferir o já enfraquecido orgulho dos soviéticos. Ou seja, o presidente americano se ausentou para evitar revanchismos.

Quanto ao seu título, será que a ausência de uma autoridade central fará realmente com que a Rússia busque intimidar os EUA pela força militar ou que uma nova guerra possa acontecer? Acho que não... os americanos já prevaleceram antes e não há evidências de que possam agora sucumbir à força russa - mas tudo pode acontecer, né?!

De qualquer forma, como você colocou, é inegável o ressurgimento estratégico da Rússia.

Bernardo R. Murillo disse...

Saldações, caro Enzo!

Bom, acho que fui mal interpretado, ou talvez não tenha me expressado bem.
O fato é que após o fim da URSS os EUA e a UE avançaram em direção à região que anteriormente era de influência russa.Países dessa região aderiram à UE, isso sem falar no expansionismo da OTAN na região.
Portanto, acredito que essa cultura de inimizade fruto de anos de bipolaridade no sistema internacional contribuiu para essa situação que vemos hoje.

Quanto ao Bush, minha falta de clareza causou confusão. Quando me refiro a Bush, estou falando de Bush filho, até porque o fim da URSS ocorreu oficialmente em dezembro de 91, e Bush pai perdeu as eleições para presidente dos EUA em 92 para Bill Clinton.

E para finalizar, o título foi apenas uma menção ao construtivismo de Wendt. Segundo Wendt existem três tipos de culturas de anarquia: a hobbesiana, a lockeana e a kantiana. A anarquia hobbesiana, segundo Wendt é caracterizada como uma inimizade existente entre os Estados.

Convenhamos, mas não parece que o cultivo das relações entre esses países se dá de forma kantiana. Concorda?

Frederico T. Carminati disse...

bernardo penso eu que mesmo Bush filho nao seria a pessoa ideal para oferecer ajuda a Russia mesmo depois de tanto tempo, ate porque provavelmente soh iria piorar a situacao caso os EUA tentassem alguma coisa. Concordo com voce no comentario quando disse que anos de inimizade podem ter influenciado como para mim influenciaram

Anônimo disse...

de fato, penso que as relacoes entre esses paises eh mesmo de inimizade..