A eficiência do jogo político dos dois candidatos à presidência americana parece ter atingido o auge nessa semana. Enquanto o senador Obama encerrava seu tour de shows com o espetáculo chamado "Convenção democrata" mostrando estar pronto para o embate final, o senador McCain mexeu sua última peça introduzindo a governadora Sarah Palin como vice-presidente de sua chapa.
De um lado do tabuleiro, então, Obama tratou da pauta democrata (corte de impostos, fim de isenções fiscais para multinacionais e da dependência americana do petróleo, criação de cinco milhões de empregos etc), mas não trouxe novidades nas questões internacionais - retirada das tropas do Iraque e foco na guerra contra a Al-Qaeda. O candidato encerrou seu discurso enfatizando que a América não pode caminhar sozinha e prometeu acabar com a política falida de Washington ("America, we cannot turn back. We cannot walk alone").
Do outro lado, McCain não demonstrou claramente a agenda republicana e falhou em evidenciar suas diferenças com relação ao governo Bush, mas distingüiu sua candidatura da de Obama como a diferença "entre quem faz e quem fala". O lado positivo da convenção republicana foi surpreendentemente (ou não) o discurso de Sarah Palin, a qual utilizou ironias e piadas contra o candidato democrata.
Ao contrário de McCain, que em poucos momentos se sintonizou com a platéia, a governadora do Alaska encantou o público ao se definir como uma "hockey mom" (uma espécie de mãe durona) e brincar: "sabem qual é a diferença entre uma hockey mom e um pitbull? O baton". Da mesma forma, quando falou sobre sua primeira experiência na política - e uma das poucas, como prefeita de uma cidade do Alaska - Sarah a comparou com o currículo de Barack Obama dizendo ser "algo bem parecido com um ativista comunitário, só que com uma diferença: a responsabilidade do cargo".
Percebe-se, então, que o embate principal nas duas convenções parece ter sido entre Sarah Palin e Barack Obama, já que a governadora foi capaz de enfrentar o candidato democrata e ainda passar a imagem aos eleitores de que ela também representa uma chapa pela mudança (algo que McCain não conseguiu fazer).
Assim, a surpresa da nomeação de Palin superou o êxtase do estonteante - mas já costumeiro -show de Obama e reposicionou as peças do tabuleiro. Ao perder, ou menosprezar, a chance de nomear Hillary como rainha, o rei Obama corre perigo agora que a rainha adversária entrou no jogo. Assim como no xadrez, ela é versátil, multifuncional (é uma conservadora radical, jovem, honesta, rebelde, pesca, caça, é mãe de cinco filhos e tem cara de bibliotecária) e pode executar o xeque mate. Enquanto isso, o rei McCain parece fugir da batalha pelos cantos, dando a impressão de ser menos capaz do que sua rainha - ou vice, como queiram...
ps= veja o discurso de Sarah aqui
5 comentários:
resta saber por quanto tempo Sarah conseguirá manter esse tom em entrevistas e se terá o mesmo desempenho em debates...
belo post meu caro!
aguardo cenas dos próximos capítulos dessa corrida presidencial que prometem ser mais emocionantes. Você falou da Sarah, mas não podemos esquecer que o vice de Obama , Joe Biden é muito bom na retórica. Promessas de debates calorosos.
interessante! mas ainda acho que o obama vai ganhar! hehe
concordo plenamente com vc, McCain deixou com que sua vice tomasse para ela toda a luta retorica contra Obama. resta apenas saber por quanto tempo ela conseguira segurar o "pop star" Obama que conseguiu nessa super produção que foi a convenção democrata demonstrar propostas concretas para o seu governo.
excelente montagem! eheh
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