sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Xeque Mate



A eficiência do jogo político dos dois candidatos à presidência americana parece ter atingido o auge nessa semana. Enquanto o senador Obama encerrava seu tour de shows com o espetáculo chamado "Convenção democrata" mostrando estar pronto para o embate final, o senador McCain mexeu sua última peça introduzindo a governadora Sarah Palin como vice-presidente de sua chapa.

De um lado do tabuleiro, então, Obama tratou da pauta democrata (corte de impostos, fim de isenções fiscais para multinacionais e da dependência americana do petróleo, criação de cinco milhões de empregos etc), mas não trouxe novidades nas questões internacionais - retirada das tropas do Iraque e foco na guerra contra a Al-Qaeda. O candidato encerrou seu discurso enfatizando que a América não pode caminhar sozinha e prometeu acabar com a política falida de Washington ("America, we cannot turn back. We cannot walk alone").

Do outro lado, McCain não demonstrou claramente a agenda republicana e falhou em evidenciar suas diferenças com relação ao governo Bush, mas distingüiu sua candidatura da de Obama como a diferença "entre quem faz e quem fala". O lado positivo da convenção republicana foi surpreendentemente (ou não) o discurso de Sarah Palin, a qual utilizou ironias e piadas contra o candidato democrata.

Ao contrário de McCain, que em poucos momentos se sintonizou com a platéia, a governadora do Alaska encantou o público ao se definir como uma "hockey mom" (uma espécie de mãe durona) e brincar: "sabem qual é a diferença entre uma hockey mom e um pitbull? O baton". Da mesma forma, quando falou sobre sua primeira experiência na política - e uma das poucas, como prefeita de uma cidade do Alaska - Sarah a comparou com o currículo de Barack Obama dizendo ser "algo bem parecido com um ativista comunitário, só que com uma diferença: a responsabilidade do cargo".

Percebe-se, então, que o embate principal nas duas convenções parece ter sido entre Sarah Palin e Barack Obama, já que a governadora foi capaz de enfrentar o candidato democrata e ainda passar a imagem aos eleitores de que ela também representa uma chapa pela mudança (algo que McCain não conseguiu fazer).

Assim, a surpresa da nomeação de Palin superou o êxtase do estonteante - mas já costumeiro -show de Obama e reposicionou as peças do tabuleiro. Ao perder, ou menosprezar, a chance de nomear Hillary como rainha, o rei Obama corre perigo agora que a rainha adversária entrou no jogo. Assim como no xadrez, ela é versátil, multifuncional (é uma conservadora radical, jovem, honesta, rebelde, pesca, caça, é mãe de cinco filhos e tem cara de bibliotecária) e pode executar o xeque mate. Enquanto isso, o rei McCain parece fugir da batalha pelos cantos, dando a impressão de ser menos capaz do que sua rainha - ou vice, como queiram...

ps= veja o discurso de Sarah aqui

5 comentários:

Enzo Mayer Tessarolo disse...

resta saber por quanto tempo Sarah conseguirá manter esse tom em entrevistas e se terá o mesmo desempenho em debates...

Bernardo R. Murillo disse...

belo post meu caro!

aguardo cenas dos próximos capítulos dessa corrida presidencial que prometem ser mais emocionantes. Você falou da Sarah, mas não podemos esquecer que o vice de Obama , Joe Biden é muito bom na retórica. Promessas de debates calorosos.

Unknown disse...

interessante! mas ainda acho que o obama vai ganhar! hehe

Frederico T. Carminati disse...

concordo plenamente com vc, McCain deixou com que sua vice tomasse para ela toda a luta retorica contra Obama. resta apenas saber por quanto tempo ela conseguira segurar o "pop star" Obama que conseguiu nessa super produção que foi a convenção democrata demonstrar propostas concretas para o seu governo.

Anônimo disse...

excelente montagem! eheh