segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Um novo Crash?

Pânico. Essa é a palavra que marca atualmente os mercados financeiros mundiais e, por conseguinte, todas pessoas que dependem do bom funcionamento dos mesmos - alguns um pouco mais, embora todos nós soframos de alguma maneira com a insustentabilidade do sistema capitalista.

A crise, que não é atual (veja a cronologia aqui), parece ter alcançado o ápice (do declínio) hoje, quando o Congresso norte-americano não aprovou o projeto orçado em US$ 700 bilhões para salvar os bancos dos Estados Unidos. Nesse sentido, após cerca de uma semana de angústia esperando o resultado do congresso, as bolsas americanas despencaram e atingiram níveis históricos. O índice Nasdaq Composite caiu 9,14%, acumulando no ano forte baixa de 25,21% enquanto o S&P 500, que engloba as 500 principais empresas dos EUA, encerrou o pregão em forte desvalorização de 8,81% atingindo 1.106 pontos e caindo 24,65% no ano, de acordo com o infomoney. Os efeitos dessa crise foram sentidos também aqui no Brasil, onde a bolsa sofreu o maior recuo desde o dia 14 de janeiro de 1999 e nenhuma das 66 ações listadas no Ibovespa fecharam em alta hoje.

Essa turbulência criou, então, um pânico financeiro global. O problema, que antes era tratado minunciosamente apenas nos EUA, passou a ser abordado pela mídia internacional e percebe-se que o interesse em entender o que está acontecendo com o mercado americano e os possíveis impactos dessa crise está aumentando. Isso, porém, gera outro problema: a perda de confiança do consumidor. Não só a confiança sobre a economia e sua habilidade em melhorá-la, mas a confiança no sistema bancário foi também abalada, segundo o vice-presidente da holding TNS/EUA (Taylor Nelson Sofres), líder mundial no segmento de pesquisas sob encomenda.

Lula, que na semana passada quando perguntado sobre a crise teria dito "pergunte ao Bush", já percebeu as incertezas e possíveis impactos dessa crise sobre a economia brasileira e reiterou sua posição de consciência com relação aos problemas atuais. Entretanto, voltou a mostrar uma certa ingenuidade na questão do câmbio, ao dizer que "um dia, o dólar vai parar". (Após atingir R$1,96, hoje, a cotação do dólar se igualou ao valor presenciado em 5 setembro de 2007.)

Esperamos que o dólar "pare" e que essa crise tenha uma solução. Porém, o cenário futuro se mostra muito incerto e, enquanto os pessimistas (ou declinistas) apontam até mesmo para o fim do capitalismo (estará Wallerstein perto de ver sua profecia?), os otimistas continuam confiando no mercado e na sua capacidade de se regular e de renovar-se, superando suas fraquezas.


ps= alguém aí quer comprar dólar? :P

2 comentários:

Bernardo R. Murillo disse...

Li um artigo do jornal Gazeta Mercantil que dizia que os países do BRICs (Brasil, Rússia,Índia e China) são os mais bem preparados para enfrentar essa crise. Você concorda?
Li também em outro lugar que a Inglaterra nacionalizou o banco Bradford & Bingley e os governos de Bélgica, Holanda e Luxemburgo interviram Fortis.

Enzo Mayer Tessarolo disse...

Olá, Bernardo

Ainda não se conhece o tamanho real do prejuízo causado pela crise financeira e essa incerteza é o que causa justamente as oscilações das bolsas. Mas, de forma simples, o que se sabe é que quando o risco e o medo estão presentes e são exagerados o dinheiro pára de circular.

O perigo, então, é que com menos crédito disponível, o consumo e o crescimento das economias diminua. Assim, acredito que nem mesmo esses países emergentes estão a salvo, embora a economia deles esteja realmente mais preparada para a crise.

Acho que a China, porém, não passará pela crise americana tão facilmente, já que as economias desses países são muito interligadas. (Estou tentando achar um artigo que li sobre a relação desses dois países na crise, mas ainda não encontrei... depois eu procuro.)

Quanto aos outros países, realmente, esse problema com os bancos parece ser mundial - e, se em países democráticos a transparência das receitas dos bancos não é clara, imagine em Estados "menos" democráticos, como a China. Daí a dificuldade em precisar se esse país sofreria muito com a crise.